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VIAJANDO SEM DESTINO

 

O clarão do sol a resplandecer sobre as nuvens n’àquel’hora

Mas não me impedia a visão do que à [minha] frente estava

Pelo contrário, sem ele eu nada veria

 

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O que vejo lá fora eu não sei porque tanto me importa

Mas, quer saber?

Pensamos mais com os olhos (e com os demais sentidos)

Já que se não tivéssemos o que haveria para se querer compreender?

 

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Às vezes penso ser um “estrangeiro” em meu próprio país

Já que me recuso ser como as pessoas que nele vivem

Ao qu’eu penso que somente nasci nele

Porém não sou o que os outros são

A se concluir que apenas “estou” no espaço em que todos estão

Mas que “não sou” o que eles são, e só

 

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As nuvens pareciam um mar d’espuma

A mais parecer (embora ninguém sabe) com os céus dos anjos

E o horizonte (cada qual) seria, quem sabe, o “futuro” do espaço

 

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O tempo não tem intervalos e disto eu bem sei

Se o tivesse decerto estático haveria (pelo menos) n’algum’hora ser

O que é um absurdo

Já que tudo muda

E, logo, nada é “estático” no tempo

E, principalmente, o próprio tempo

 

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Acima das nuvens o silêncio é “visto”

Em seu extraordinário fenômeno que somente às vezes sentimos

Uma “coisa” que não pode ser “racionalmente” compreendida

Oh! Quanta coragem necessária se faz para romper as barreiras

de nossos contínuos apegos

Faz-se preciso transcendermos se realmente quisermos conhecer tudo

 

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Outrora eu fui [algo ou alguém] que hoje eu não mais sou

E longe de mim em querer “ser saudade” do que ontem eu fui

E muito menos “arrependimento e pesar”

Deus me livre

 

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“Sou” e sempre “deixo de ser” tod’hora

Como as nuvens qu’eu vejo agora e as quais logo mais deixarão se ser

Embora roubado de mim sou quando quero retê-las [comigo] para sempre

Ao que confesso [e não nego] esta minha tolice

(Ou, quem sabe, fraqueza)

 

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Somos passageiros... na vida [igualmente] passageira

Sim, somos viandantes nesta vida... transitória (e tão breve)

Par’aonde vamos?

Sei lá, não faço a mínima ideia

E até penso [ser] melhor... não saber

Ao que assim acho

Vou par’algum [desconhecido] lugar

Eis o que sei

E somente isto eu sei (com certeza)

 

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E quer mais saber a minha opinião?

Triste dos que [já de antemão] sabem o seu “ponto final”

Ao que neste momento penso que perde-se, pois, a graça caso conheça

E, por isso, a meu ver a ventura de tudo consiste em não saber [de nada]

 

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Não, não quero saber de nada

Nada, nada, nada...

Não quero saber par’aonde vou

E caso alguém saiba, peço, por favor, que não me diga

Só quero ir... e avançar

E mais nada

 

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Se chegarei?

Decerto que sim

Conforme anteriormente disse

Só não sei o lugar e muito menos a hora

Ao que, portanto, desconheço onde e quando será... a última parada

(Se é que haverá alguma)

Sim, neste voo de tantas conexões...

Mas qu’eu não posso ficar em nenhuma [para sempre]

Conexões [vivas] com lugares

E, sobretudo, com pessoas

 

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Ao qu’eu troco o tempo todo de avião

Fazendo, desta forma, novos cursos (novas viagens) 

Percebendo diferentes pessoas (também viajantes) em cada deslocamento

Contemplando [pela janela da aeronave] paisagens que se alternam

 

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E nunca sou “o mesmo” o tempo todo, jamais!

E nest’hora [a ti] pergunto:

Acaso tu és?

Se a reposta for “sim”, oh! quanta pena [eu] tenho de ti!

 

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E então eis a vida (de cad’um) a se fazer entre variações em suas formas

Pintando suas cenas neste “substancial” quadro e ao mesmo tempo “místico”

E onde s’esculpe a partir de mudanças [a tod’hora] em sua “metamorfose”

N’uma viagem quase sempre oscilante

Ora calma, ora tragada por alguma turbulência, mas passageira

Nesta vida efêmera (e, portanto, passageira) ...

 

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Acabo de pousar nest’hora

Mas não ficarei muito tempo aqui

Farei outra conexão

 

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Anonymous Real

17/05/2024

 

ILUSTRAÇÕES: FOTOS PESSOAIS

 

MÚSICA: “NOWHERE MAN” – THE BEATLES

https://www.youtube.com/watch?v=j5eif5xZQlU