O simples debate não é garantia de se chegar à verdade.
Metafísica é a ciência teórica que estuda o puro ser. Para Aristóteles, a Filosofia encontra seu ponto mais alto na metafísica e na teologia, de onde derivam todos os outros conhecimentos. Mas essa ideia de Aristóteles não foi suficiente para explicar a totalidade dos conhecimentos e desapareceu devido à evolução da Filosofia.
Para Immanuel Kant, a pretensão da nossa razão de conhecer todas as coisas tais como são, é irrealizável. O conhecimento da realidade em si, dos primeiros princípios e das primeiras causas de todas as coisas é o que define a metafísica. Assim, a Filosofia descolada da metafísica passou a investigar a possibilidade de conhecimento que está ao alcance dos seres racionais. Vejamos a explicação de Marilena Chauí:
“Deixando de ser metafísica, a Filosofia se tornou o conhecimento das condições de possibilidade do conhecimento verdadeiro enquanto conhecimento possível para os seres humanos racionais.” (CHAUÍ, M., Convite à Filosofia, 2000, p. 65)
A história da metafísica pode ser dividida em três grandes períodos, o primeiro deles separado dos outros dois pela filosofia de David Hume:
1. período que vai de Platão e Aristóteles (séculos IV e III a.C.) até David Hume (século XVIII d.C.);
2. período que vai de Kant (século XVIII) até a fenomenologia de Husserl (século XX);
3. metafísica ou ontologia contemporânea, dos anos 20 aos anos 70 do século passado (XX).
O nascimento da metafísica é atribuída a Aristóteles por três motivos:
1. Aristóteles não julga o mundo das coisas sensíveis, ou a Natureza, um mundo aparente e ilusório. Pelo contrário, é um mundo real e verdadeiro cuja essência é, justamente, a multiplicidade de seres e a mudança incessante.
2. Aristóteles considera que a essência verdadeira das coisas naturais e dos seres humanos e de suas ações não está no mundo inteligível, separado do mundo sensível, onde as coisas físicas ou naturais existem e onde vivemos.
3. ao se dedicar à Filosofia Primeira ou metafísica, a Filosofia descobre que há diferentes tipos ou modalidades de essências ou de ousiai. Existe a essência dos seres físicos ou naturais (minerais, vegetais, animais, humanos), cujo modo de ser se caracteriza por nascer, viver, mudar, reproduzir-se e desaparecer – são seres em devir e que existem no devir.
Por dialética, entendemos como discussão de teses contrárias e em conflito ou oposição. Para Platão, a dialética era o instrumento para alcançar a verdade.
Marilena Chauí explica:
“O diálogo, isto é, a dialética ou filosofia, é o caminho que nos conduz das sensações, das percepções, das imagens e das opiniões à contemplação intelectual do ser real das coisas, à ideia verdadeira, que existe em si mesma no mundo das puras ideias ou no mundo inteligível.” (CHAUÍ, M., Convite à Filosofia, 2000, p. 65)
A dialética platônica é o procedimento intelectual no qual se divide uma ideia em duas partes opostas e através da discussão descubra-se qual é a parte verdadeira.
Para Aristóteles, a dialética não é um procedimento seguro para o pensamento e a linguagem da Filosofia e da ciência, pois tem como ponto de partida simples opiniões contrárias, e o simples debate não é garantia de se chegar a uma verdade.