Nota Para Não Enlouquecer

Eu às vezes me esqueço tanto da escrita, mas é só eu chegar numa condição de extrema impaciência que escrever me vem à cabeça, e é na escrita que consigo canalizar meu destempero.

As coisas aqui no escritório estão detestáveis. Não suporto a menina que se senta ao meu lado. Me enganei tanto em relação a ela. Acho-a ardilosa, sorrateira, perigosa e vil, sem contar o fato do timbre de voz dela parecer uma buzina de pipoqueiro. Ela ainda se veste extremamente mal, é absolutamente cafona, e se levarmos em consideração a pouca idade, fica ainda mais evidente sua falta de estilo e sofisticação.

Seu Instagram reflete muito bem isso, tão linda e tão mal-vestida, tão sem carisma nas fotos em que faz poses ridículas e posta frases clichês.

A minha chefe, eu a adoro, acho o máximo mesmo, engraçada, alegre, desbocada, mas ainda temos o pé atrás um com o outro. Ela acha que quero o lugar dela, mesmo eu não querendo, juro! Quero só ficar em paz.

A moça mais velha é uma senhora pique jovenzinha que faz charme ao responder “aham” como se fosse uma adolescente com piercing no umbigo. Eu faço ânsia de vômito toda vez que a escuto, mas aguento firme, porque, involuntariamente, gosto dela, com todas as falas maldosas que usa atrás de mim, ainda assim tenho certa afeição por ela. Talvez empatia por gostarmos da mesma coisa.

O meu ponto de equilíbrio mesmo, a minha porta de saída para esse ambiente tão hostil, é a Duda, a única que citarei o nome. Como ela me faz bem! Basta 30 segundos de conversa com ela para eu me sentir melhor. A energia dela é tão visceral quanto positiva que transforma qualquer ambiente ruim em coisa boa. É bom ter ela por aqui, alegrando os meus dias e me salvando da depressão que esse lugar causa. É uma amiga que sempre será respeitada por mim em todos os aspectos inimagináveis, porque ela merece.