NÃO EXISTE POLARIZAÇÃO POLÍTICA ENTRE LULA X BOLSONARO

O jornalista Reinaldo Azevedo acertou em cheio ao apontar o abuso desse termo no cenário político brasileiro. É quase risível, se não fosse trágico, ver a mídia rotulando ações terroristas da extrema direita como simples "polarização política". Ah, sim, porque colocar bombas em aeroportos e invadir instituições democráticas é apenas uma diferença de opinião, não é mesmo?

Vamos desmascarar essa farsa. "Polarização" é um termo tão deslocado aqui quanto seria chamar um serial killer de "entusiasta do comportamento excêntrico". Golpismo e terrorismo não são polos de nada além da insanidade e da ilegalidade. Equiparar essas atrocidades a uma simples divergência política é um insulto à inteligência de qualquer ser pensante.

E aí vem a comparação mais falaciosa de todas: o governo Lula versus o bolsonarismo. Lula, com suas políticas de centro-esquerda, é muitas vezes mais conciliador que qualquer radical de direita poderia imaginar. O agronegócio recebeu investimentos recordes em sua gestão de 2023, algo que qualquer direitista fervoroso aplaudiria. Então, onde está essa suposta simetria polar?

Quer saber o que é polarização de verdade? Pense em Flamengo versus Fluminense, Corinthians contra Palmeiras. Ou melhor ainda, no bom e velho polo positivo e negativo da elétrica. No espectro político, Bolsonaro está na extrema direita fascista, tão longe do centro que seria necessário um telescópio para vê-lo. Sua "polarização" ideal talvez fosse o PSTU, mas mesmo isso parece uma comparação injusta. O PSTU, com todas as suas peculiaridades, não chega aos pés da aberração que é o bolsonarismo.

O partido que mais se assemelha aos Miniuns é a Coordenação Anarquista Brasileira (CAB). Afinal, ambos não acreditam nas eleições.

O bolsonarismo, esse fenômeno de adoração autoritária, e o CAB, com sua fervorosa rejeição ao sistema eleitoral burguês, parecem à primeira vista tão distintos quanto fogo e água. No entanto, eis que surge a grande revelação: ambos desprezam as eleições.

Para o CAB, as eleições são um espetáculo farsesco, um teatro de marionetes onde os mesmos atores manipulam as cordas nos bastidores. Eles acreditam que o sistema está viciado, e que as eleições são apenas uma ilusão de mudança. Desprezam o processo porque enxergam a continuidade do poder nas mãos da elite dominante. Querem uma revolução, uma verdadeira mudança de paradigma, e não essa troca superficial de rostos.

Os adoradores do mito só ama a democracia quando está vencendo. Perder? Jamais! Para eles, a derrota só pode significar fraude. Golpismo e teorias da conspiração são suas ferramentas favoritas. Eles não querem abolir o sistema; querem controlá-lo, moldá-lo à imagem de seu líder e eliminar qualquer oposição. Afinal, eleições são ótimas, desde que eles ganhem todas.

Chega de usar a palavra "polarização" para suavizar o que realmente está acontecendo. Golpismo e terrorismo não são meras diferenças de opinião, são crimes. E classificar o PT como o "mais parecido" com o bolsonarismo é uma manobra tão engenhosa quanto comparar maçãs com mísseis. Ambas podem cair de uma árvore, mas os resultados são bem diferentes.

Vamos então chamar as coisas pelo nome: o bolsonarismo e o CAB compartilham um desprezo pelas eleições: enquanto um quer um golpe disfarçado de revolução, o outro quer uma revolução disfarçada de golpe.

Um quer o caos para reconstruir das cinzas, o outro quer o poder absoluto sob um véu de legalidade questionável. No fim, o que temos no Brasil não é apenas uma polarização, mas uma crise de definição do que significa democracia. E é hora de sermos claros: esses extremismos, disfarçados de ideologias, são uma ameaça direta ao que resta de nosso frágil tecido democrático.

Professor Jeferson Albrecht
Enviado por Professor Jeferson Albrecht em 20/05/2024
Reeditado em 20/05/2024
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