Regozija-se o hircino Satanás (Mote em 10 pra 4 Voltas)
Regozija-se o hircino Satanás
(Mote em 10 pra 4 Voltas)
Poeta Felipe Amaral
1 - Decretada a extinção da raça humana,
2 - Regozija-se o hircino Truanaz,
3 - Enquanto ouve a escumalha leviana,
4 - A ralhar contra tudo o que lhe apraz.
Decretada a extinção da raça humana.
1
Gargalhante, apresenta-se o Histrião,
Quando bombas do céu caem na terra.
Cada riso que dá, mais dá à guerra
Viço e vívida força de expressão.
Velhos, moços e infantes vão ao chão;
O cenário é de horror; a ação, profana;
A alegria do Sátiro, tirana.
Mas, se a grei é mendaz, biltre e cretina,
Que se dane! É sorrir diante da sina,
Decretada a extinção da raça humana!
Regozija-se o hircino Truanaz.
2
Ri o Bode perante uma assassina
Investida de tanque, trupe e tropa,
Que as nações digladiam e a garlopa
Da oficina da guerra a farpa afina.
Morrem jovem, piá, guri, menina;
E o satírico Bobo satisfaz
Seu sadismo, mangando do que jaz
Sobre a terra inundada em distopia.
Que - enquanto um se lamenta - em euforia,
Regozija-se o hircino Truanaz.
Enquanto ouve a escumalha leviana.
3
Os hipócritas, crentes na alegria
Prometida por texto cultural,
Repreendem o Bufo, mas o mal
Que desejam para ele os insidia.
Gargalhando mais alto, o Bode envia
Bateladas de escárnio à grei magana;
E, ao final, vê da cáfila a cabana
Ser queimada por mísseis e torpedos.
Ralha a malta e ele ri, sem ais, sem medos,
Enquanto ouve a escumalha leviana.
A ralhar contra tudo o que lhe apraz.
4
Cospe o cristo do bando de arremedos
De cristão e a satã faz uma prece.
Causa afã, mas sossega, que conhece
Quão fingidos são esses crentes tredos.
Que a moral imoral e a fé de azedos
Serviçais da falsídia contumaz
São ardis pra lucrar, mas o eficaz
Artifício do Bode mata “crente”.
Vence e, rindo, o Truão não vê mais gente
A ralhar contra tudo o que lhe apraz.