A casa azul

Era uma casa azul de madeira, com uma varandinha simples, mas bem aconchegante. Tinha muitas plantas ali, uma rede, uma mesinha de madeira com cadeiras coloridas, nela eles tomavam café da manhã. Entrando tinha tantos livros espalhados pela sala, uma bagunça muito organizada e convidativa. Uma mantinha no sofá, costurada por alguma avó, pra aquecer nos dias frios, uma mesa de centro com alguns livros empilhados e uma xícara feita a mão, com café pela metade. Na estante tinham muitas fotos de pessoas felizes, muitas pessoas estampavam os retratos.

Tinha outra mesa perto da cozinha com cadeiras uma diferente da outra, pintadas em tons pastéis. No quarto principal a cama com uma colcha de retalhos estava bagunçada, o guarda roupas feito de retalhos de madeira estava quase vazio, com suas portas abertas.

O quarto pequeno tinham tantos brinquedos espalhados, também com um guarda roupas quase vazio. Parecia ter sido um lugar cheio de vida, com estrelinhas coladas no teto que brilhavam sem saber o que acontecia.

Dava pra ver que era uma casa que foi construída aos poucos para se tornar um lar, uma casa que foi juntando um pouco daqui e outro pouco dali pra virar esse espaço aconchegante.

A água foi prestando atenção em tudo isso enquanto entrava, mas não conseguia parar de invadir cada cômodo, não conseguia parar de correr e encher aquela casa, apagando aos poucos cada pedacinho de lar e história que ali vivia. Descolando as estrelinhas do teto, apagando as palavras dos livros, derrubando os retratos da estante, lavando a tinta colorida de tons pasteis das cadeiras.

Luiza Brunn