A Saga de Godofredo Parte III – Conhecer o Mundo

13.05.24

525

Godofredo estava mais calmo no leito da UTI. Janice ao seu lado, olhou suplicante para o médico, pedindo-lhe para que liberasse novo contato com seu marido.

- Acho que podemos fazer nova tentativa, está mais calmo e seus sinais vitais estão bem tranquilos – disse olhando para Janice.

Ela prontamente sentou com seu computador e iniciou o programa. O capacete foi colocado em Godofredo e a imagem na tela do quarto começou a mostrar a multidão de serviçais e membros da família do Kaiser e do Czar ovacionando-os, que caminhavam sorridentes com o javali morto na carroça.

-Em que local e época estará? – perguntou o médico, olhando curioso as imagens.

Janice vendo o castelo, os imperadores, lembrando que Godofredo falava do seu avô materno, alemão, que foi guarda imperial do Kaiser no castelo de Sanssouci, disse:

-Acho que está na Alemanha, no castelo do Kaiser em Sanssouci. Ele me falava do avô alemão, que não conheceu.

Janice falou pelo fone do laptop com Godofredo:

-Oi querido, tudo bem? Você está na Alemanha com seu avô materno?

Repentinamente, Godofredo sentiu uma forte dor de cabeça ao ouvir a voz da sua mulher em seu cérebro. Instintivamente levou a mão à cabeça e fechou os olhos. Janice vendo o desespero de Godofredo, ficou quieta e ansiosa. Passou alguns segundos ele respondeu:

-Sim! Estou em Sanssouci.

Todos no quarto ficaram aliviados. Janice fez outra pergunta, mais curta;

-Querido, você está bem?

Nova pontada na cabeça, aguardou ela passar e respondeu:

-Sim! Está sendo maravilhosa essa experiência, estou conhecendo toda a história da minha família.

Janice, com os olhos lacrimejantes, em poder estar falando com seu marido, sentiu muitas saudades. Então, ele fez uma pergunta:

-Querida, quando sairei deste estado? O que preciso fazer? - provocando intensa dor na sua cabeça, que o fez cambalear para trás, e não fosse o muro do castelo que o aparou, certamente cairia no chão. Seu avô pressentiu a situação do seu valete, mas nada pode fazer, pois os “césares” passavam em sua frente justamente naquele instante. Manteve-se estático como uma estátua.

O médico vendo o estado de Godofredo, disse a Janice:

-A conversa está sendo torturante para ele, melhor pararmos, imediatamente!

Janice assentiu com a cabeça e desativou o sistema, sumindo as imagens no telão do quarto da UTI.

A realeza empolgada pela caçada, seguia seu cortejo triunfante até a entrada do castelo. Seu avô, após passarem, voltou-se para Godofredo, perguntando-lhe:

-Está tudo bem, Herr Gottfried?

-Sim! Acho que estou resfriado, com dores de cabeça Herr Paul – respondeu com voz rouca e fraca.

-Pode levar minha carabina ao Paiol, e depois vá se recolher. Tome um chá de menta com dentes de alho e cama!

-Obrigado Herr Paul! – agradeceu a Godofredo, ainda sentindo levemente, as pontadas em sua cabeça das perguntas da esposa.

Foi em direção ao Paiol, recolocou a carabina no guarda-armas. Depois foi até a cantina, tomou o chá com alho e ao dormitório. Caminhando, pensou em como poderia sair do coma, mas ao mesmo tempo queria saber mais da vida do avô, pois pelo o que sua mãe lhe contara, teve muitas aventuras, e queria participar delas. Poderia esperar um pouco mais, apesar das saudades, em voltar ao seu mundo.

Entrando no dormitório, encontrou com ele sentado na poltrona fumando seu cachimbo, com olhar longe, perdido. Ele logo voltou a si ao ver o neto entrando nos aposentos, perguntando-lhe:

-Tomou o chá, Herr?

-Sim, Herr! Estou transpirando como um cavalo de corridas.

-Isso é bom! – respondeu sem muita ênfase. Estava taciturno e pensativo. Quieto.

Godofredo, tirou a sua roupa e de ceroulas, deitou-se. Seu avô depois de um longo silêncio, disse de forma contundente e firme:

-Vou pedir baixa amanhã! Não tenho futuro na carreira militar, não sou nobre, e hoje me senti profundamente desvalorizado pelo Kaiser, contribuindo para minha decisão. Quero conhecer o mundo, vou me alistar na marinha mercante. Vamos juntos, pois você é meu amigo e confidente, e em quem confio.

Godofredo ouvindo aquela proposta, sorriu feliz e respondeu prontamente:

-Sim claro Herr Paul!

-De agora em diante, pode me chamar de Paul! Somos amigos e iguais, correto Gottfried?

-Correto Paul!

-Vamos conhecer o Mundo juntos, meu amigo!

Obra de ficção e qualquer semelhança é mera coincidência

Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 13/05/2024
Reeditado em 13/05/2024
Código do texto: T8062572
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.