Espinhos

Conservo quelóides de imensas dores

Tão feias quanto minhas cicatrizes.

E elas, ao contrário do que dizes

Ainda existem vivas em carnes e cores.

Carrego no peito resquícios de amores

Enrustidos nas lembranças de dias felizes,

Mas acometidos dos muitos deslizes

Da ausência triste de tudo que fores…

Essa ferida que se fecha em cura

Na minha pele enterra o mais vil espinho,

Mesmo tendo eu, alma tão bela pura.

Foram os remendos em minha doçura

A transformar meu estreito caminho

Num imenso amargo que ninguém procura.

Paulo Roberto Benedito
Enviado por Paulo Roberto Benedito em 15/05/2024
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