MOTO-CONTÍNUO

MOTO-CONTÍNUO

Talvez eu seja apenas mais um tolo,

Incerto se engano a mim ou a toda gente.

Como quando em contínuo indiferente

A água no sobe-desce do monjolo.

Se face à gravidade não há dolo,

Tampouco o movimento é inocente:

O ciclo se repete tão-somente,

Em seu trabalho infindo do alto ao solo.

Assim, também a vida como a vivo

Segue com precisão de mecanismo

As alturas e as baixezas do egoísmo.

Mas leve é meu esforço… Algo furtivo

— Ignoro se ao começo, meio ou fim —

Que s'enche e s’esvazia dentro em mim.

Betim - 13 05 2024