Avarenta

Engraçado que ela morava na cobertura do edifício de uma rua bem movimentada e valorizada. A construção era deslumbrante e imponente. Mora ali há muitos anos, conhecia todos os habitantes, conversava com desenvoltura e delicadeza com todos os moradores, mas com os funcionários era bem diferente, reclamando de tudo, desde a iluminação acesa até os gastos com as câmaras de vigilância. Considerava que os gastos com o consumo de água era um desperdício e que deveria ser reduzido com uma parte da retirada do síndico. Um senhor aposentado que estava ali porque na eleição não houve outro candidato mais jovem e com mais capacidade administrativa. Há algum tempo eu não a via por ali, onde costumava se sentar na poltrona da recepção. Quando me disseram que ela havia morrido, tomei um baita susto. Precisei de alguns minutos para me recuperar do baque. Eu achava que ela ainda era jovem e cheia de vida. Lamentavelmente, ela morreu com a impressão de que não tinha nada.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 15/05/2024
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