Choram os homens fortes

É a Arte sem Arte...

essa que só vem desconstruir..

Chega de cima, em torrentes

alaga embaixo, sem medidas,

desmancha tudo que foi edificado

leva pessoas nas enxurradas

e mal se notam as lágrimas

que se misturando às águas

e à lama, ali se retêm, ignoradas...

Perto de tudo isso os poemas

são brincadeiras de criança...

ridículas e tolas brincadeiras...

O que mais nos atinge agora

é a inutilidade das palavras...

Choram os homens fortes

choram os velhos desvalidos,

choram as mães, crianças...

expõem-se todas as feridas

a céu aberto...

E o animais, amigos dos homens,

sofrem o seu mesmo destino

E quando resgatados,

todos se assemelham...

pequenos seres, assustados...

Por uma estranha ironia

diante das imagens desoladoras,

lembrei-me de um ritual , com seu início,

meio e final...surpreendentes...

Mandalas, pacientemente construídas

depois, sistematicamente destruídas...

e todo seu conteúdo, religiosamente

enfrascado...devolvido à natureza.

Obras-primas, de exuberante beleza

que em poucos instantes de transformam

em detritos...intencionais...em poeira

colorida...

Como, então, evitar o pensamento

de que é assim a vida...e a efemeridade,

um fato...?

Os homens, suas orações, os seus santos,

as suas divindades...

reconstruirão novas "mandalas" e nunca

se sabe, realmente, como o farão...

como será essa reconstrução...

Mas ela se fará...e como alguém já disse um dia

certamente, não mais veremos na Tv

tudo que depois aconteceu...

àquele homem forte, que ali chorou,

em agonia...

Mareluz
Enviado por Mareluz em 09/05/2024
Reeditado em 10/05/2024
Código do texto: T8059303
Classificação de conteúdo: seguro