Fat (gorda)

Eu tinha seis anos e pouco

Quando um estranho feito louco

Falou do meu tamanho

Que eu era grande demais pro carrossel

Foi a primeira vez que eu odiei ser eu.

Me odiar era tão normal

Família ria até passar mal.

Engolir o choro e não a comida

Esse era o lema para eu ser a favorita.

Não tinha escolha, doce ou salgado

Se continuar assim, não vai ter namorado.

Tudo que eu fazia parecia errado.

Quanto mais amada, menos comida no prato.

Era esse o retrato

De uma gorda em relato.

Nunca sou suficiente no espelho

O preto é bom, e mesmo com o batom vermelho

Encurvo os ombros, cubro quadril, ninguém pode ver

Que tenho excesso de carnes e gordura na tez

Não pode ser grande.

Não pode sorrir

Mesmo quando livre

Sempre vem alguém ferir.

Nunca é suficiente,

Malhar, correr, sumir.

Só presto se for um troféu

Para fazer o outro sorrir.

Têia Agridoce
Enviado por Têia Agridoce em 16/05/2024
Código do texto: T8064553
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