UM ESPELHO MUDO

Tenho olhado pra um céu sem fim

Horizontes de marfim

Estradas passadas

Estou criando mundos

Vivendo lutos

Gritando absurdos

Dia desses, mudei as cores que vejo

Deixei cinzas estranhas no caminho

Risquei as dores que sinto

Sou um ponto abscuro

Uma parte da linha

Um traço confuso

Trago tempestades na alma

Jardins colossais

Borboletas azuis

Tenho olhado pra dentro

Viajado no tempo

Guardado memórias

Estou no meio de tudo

Sou minha própria miragem

Um caco deste espelho mudo

Tenho os pés na terra

A cabeça nas nuvens

E um peito que sangra

Sou um poeta rabiscando sonhos

Criando metáforas que falam do infinito e de um céu carregado de astros.