DISSABORES.

A inspiração desta poesia nasceu após escutar de uma jovem mulher os lamentos pela vida que os seus desenganos a levaram, como certamente acontece com muitas mulheres.

O que de encanto sobrava,

não retratava a juventude que existia.

A vida tinha cobrado bem caro.

Fugir, não podia.

Buscava a recompensa no filho,

que apertando contra o peito prosseguia.

Na garganta um grito de socorro.

Em volta, abutres aproveitadores.

Que tentando ajudar,

só cavavam mais fundo,

só revestiam de imundo,

e criavam dissabores.

Entre desilusões, o conflito interior.

Lembranças amargas,

dos amores,

e do primeiro sedutor.

Volta ao leito do filho e beija-lhe a testa.

Seu coração já em festa,

pensa e fala baixinho:

De hoje em diante, vou viver só para você, meu anjinho!”

Adormece, cansada da luta.

Quando acorda,

esqueceu da promessa.

Recomeça na mesma labuta.

Mário Margalho
Enviado por Mário Margalho em 19/04/2024
Código do texto: T8045160
Classificação de conteúdo: seguro