NÃO SEI.

Todos somos passivos de erros que nos deixam marcados aos olhos de muitos. E ao contrário do apoio que necessitamos, o que recebemos são indiferenças e cobranças que no desesperam pela sensação de culpa e da necessidade do socorro que não temos e nos entregamos ao sentimento do “não sei” – não sei porque fiz; não sei porque não param de me cobrar; não sei porque...

E este poço que cresce, que sufoca e que consome.

Nesta angústia que não define.

Mas me definha

me intimida e me alucina,

Não me mostra o caminho,

me toma o cachimbo e não me deixa ter paz.

Como é caro o preço do erro ou de erros,

e de contas não pagas.

Porque o mundo que cobra,

só cobra em facadas.

Mas esquece!

E de novo aborrece.

Chega outra vez a cobrança,

e eu que feito criança,

penso e digo: “Não sei!”

Ou então: “Já paguei!”

Depois é a vez do juiz, que já estava comigo.

E ainda me chama de amigo.

Me pergunta o que eu fiz,

parar querer ser feliz.

O juiz estava sério quando falou.

Falou sério e sorriu.

O Promotor aplaudiu

e a defesa calou.

Fez meu poço mais fundo,

mas vazio o meu mundo.

E de medo eu falei,

na resposta mais curta, abstrata e biruta.

Eu disse: “Não sei!”

Mário Margalho
Enviado por Mário Margalho em 04/04/2024
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