O amor era você

Não… Eu havia me convencido de que o amor não existia. Havia me convencido de que era apenas um conceito abstrato utilizado por poetas que escreviam os mais fantasiosos, sedutores e mágicos dos versos para encantar aos mais ingênuos, sensíveis e emocionados dos românticos. Eu não era assim. Ao menos não me enxergava dessa maneira… Não… Eu sempre quis ser diferente da grande maioria das pessoas que me incomodavam com seus discursos afetuosos e sentimentais. Para elas parecia que o amor era tudo. Enquanto para mim o amor parecia apenas uma ilusão de corações fracos, voláteis, corações que se deixavam controlar.

Eu nunca fui do tipo que cede facilmente… Você sabe… Mais teimoso que eu, só outro eu. Quando coloco algo na minha cabeça, é difícil que tirem. Como quando eu insisti naquela noite tão surreal que havia colocado sal no macarrão… Você disse que não, que eu não tinha colocado, afinal de contas esteve todo o tempo ao meu lado me encarando com aqueles arredondados olhos cristalinos que brilhavam junto à Lua. Você sabia o que estava dizendo. Mas sempre fui teimoso. Insisti que tinha feito o que estava acostumado a fazer… Porém, quando começamos a comer… Fiquei envergonhado.

Assim como me envergonhei quando descobri que não era tão imune ao amor quanto eu pensava. Não… Não tinha imunidade alguma contra esse conceito abstrato utilizado pelos mais sedutores e hábeis dos poetas. Isso porque quando os seus olhos encontraram os meus no meio do escritório naquela agitada tarde de sexta-feira, tive certeza, era como qualquer outro homem, era como qualquer outra pessoa, era suscetível aos encantamentos dos sentimentos que entram em nossos corações e dominam nossas almas…

Aqueles olhos me fascinaram e me encantaram. Aquele sorriso me seduziu e prendeu. Mas eu neguei. Neguei a mim mesmo o que estava acontecendo. E continuaria negando até o fim se não fosse o soar de sua voz tocar os meus ouvidos e preencher o meu coração. Que fala suave! Que fala sutil! Que faça adocicada! Era como conversar com os anjos. Era isso. Eu não estava diante de outro ser humano, claro que não. Não tinha outra explicação para o que acontecia comigo… Eu estava diante de um anjo. E contra o poder dos anjos, homem algum é capaz de se levantar.

E foi assim que me convenci de que, além de os anjos existirem, era o amor também uma verdade. Porque além de anjo, você era o amor…

(Escrito por Amilton Júnior - @c.d.vida)