MAIS UM NA MULTIDÃO
MAIS UM NA MULTIDÃO
(Erasmo Carlos, Marisa Monte e Carlinhos Brown)
Guarde segredos que te quero
E conte só os seus pra mim
Faça de mim o seu brinquedo
Você é meu enredo, vem pra cá
Te quero
Te espero
Não vai passar
O amor não tarda, está
Você pensa em mim
Eu penso em você
Eu tento dormir
Você tenta esquecer
Longe do seu ninho eu andar caminho
Deixo onde passo meus pés no chão
Sou mais um na multidão
O mar no sol, no leito, no lar
Que nem um rio pode apagar
O amor é fogo e ferve queimado
Estou ferido agora e sigo te amando
Você pode acreditar
A mesma carta, o mesmo verbo
Em sonho, só viver pra ti
Quem tem a chave do mistério
Não teme tanto medo de amar
Me cego
Te enxergo
Não vai passar
O amor não tarda, está
Te quero
Te espero
Não vai passar
O amor não tarda, está
Você pensa em mim
Eu penso em você
Eu tento dormir
Você tenta esquecer
Longe do seu ninho meu andar caminho
Deixo o óbvio e faço os meus pés no chão
Sou mais um na multidão
Sou mais um na multidão (multidão)
Sou mais um na multidão (na multidão)
Sou mais um na multidão (na multidão)
Sou mais um na multidão
Sou mais um na multidão
Obrigada
Fonte: Musixmatch
Compositores: Erasmo Carlos / Carlinhos Brown /
ANÁLISE FILOSÓFICA DA MÚSICA
A música "Mais Um na Multidão" de Erasmo Carlos e Marisa Monte aborda temas existenciais e sociais, expressando uma reflexão profunda sobre a identidade e o pertencimento na sociedade contemporânea. Uma análise filosófica dessa música pode considerar várias perspectivas:
1. Existencialismo:
A letra da música pode ser vista sob a ótica do existencialismo, uma corrente filosófica que enfatiza a liberdade individual, a responsabilidade e a busca por significado em um mundo aparentemente indiferente. A repetição da ideia de ser "mais um na multidão" sugere uma sensação de anonimato e a dificuldade de se destacar em uma sociedade de massas. Esse sentimento pode estar relacionado com a crise existencial, onde o indivíduo questiona seu propósito e autenticidade em um mundo onde muitos parecem ser apenas mais um.
2. Alienação:
A sensação de ser apenas mais um na multidão também pode ser interpretada através da teoria da alienação de Karl Marx, que descreve como os trabalhadores se sentem desumanizados e desconectados do produto de seu trabalho e da sociedade como um todo. A música pode estar criticando a forma como a modernidade e o capitalismo contribuem para a perda da individualidade e a sensação de desconexão social.
3. Sociologia do Cotidiano:
Sob a perspectiva da sociologia do cotidiano, a música reflete sobre a banalidade e a rotina da vida urbana moderna. As experiências individuais se diluem na multidão, levando a um sentimento de anonimato e invisibilidade. Esse aspecto pode ser explorado através dos trabalhos de sociólogos como Erving Goffman, que estudou a dramaturgia da vida cotidiana e como os indivíduos representam papéis em suas interações diárias.
4. Psicologia Social:
A letra também pode ser analisada sob o ponto de vista da psicologia social, especialmente em termos de identidade social e a necessidade de pertencimento. A música revela o conflito entre a necessidade de se sentir parte de um grupo (a multidão) e a busca pela identidade única e individual. Essa tensão é central na psicologia social, que estuda como as identidades individuais são influenciadas e moldadas pelo contexto social.
5. Humanismo:
Finalmente, de um ponto de vista humanista, a música pode ser vista como um chamado à autenticidade e à valorização do ser humano em sua singularidade. O humanismo enfatiza a dignidade e o valor de cada indivíduo, promovendo a ideia de que cada pessoa deve ser reconhecida e respeitada em sua individualidade, ao invés de ser reduzida a apenas mais um na massa.
Conclusão:
"Mais Um na Multidão" oferece uma rica tapeçaria para reflexão filosófica, abordando a luta pela identidade e significado em um mundo que muitas vezes parece impessoal e indiferente. A música convida os ouvintes a considerarem sua própria posição na sociedade e a refletirem sobre a tensão entre a conformidade e a individualidade. Em última análise, ela sugere uma busca por autenticidade e conexão verdadeira em meio à vasta e muitas vezes desumanizadora experiência da vida moderna.
Tião Neiva