Mery Onírica

A nega poeta

A nega sente na pele apenas o abraço do seu leitor

Não há mais o belisco no braço

Há lágrimas nas faces de alguém

Que seca o cisco dos seus olhos

A Nega é o orgulho da Vila Vintém

Não há mais açoites na noite

Existem somente ledices

É o sentimento do cumprimento

Das coisas escritas sem lei

O chão era lauda na sua infância

A fralda de sua criança

A letrar sua história

E a criar em sua memória cenas na arena da vida

O graveto sem ponta ferida

Riscou na terra o seu pensamento

Que o vento tentou levar

Mas as marcas ficaram e se tornaram letras

Hoje, a terra é boa de plantar

A Nega é poeta

Ela letra, ela peta

Como dizia um tal de Pessoa

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 16/05/2024
Reeditado em 16/05/2024
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