O FLAGELO NO RIO GRANDE DO SUL

Tenho um amigo abrigado, agora, que diz que o flagelo no Rio Grande do Sul parece aquela história do enxugar gelo, tá sempre tudo molhado. E a cada dia aumenta o número de desabrigados. E a água não desce, e não para de chover.

É uma dor tão grande que não cabe mais no peito das pessoas. Algumas, anestesiadas, não querem sair de onde estão. Entregaram seus pontos...

Ouvi um socorrista dizendo:

- Senhora saia daí. A água vai subir e será pior que antes. Vá para a casa de um amigo, um parente...

E ela responde:

- Eu não tenho mais ninguém, não tenho mais nada. Ficarei aqui.

E chegam ajuda. Mas, têm aqueles que mandam roupas sujas, sapatos com sola furada. Isto não é ajuda. Isto é deboche. Se você não tem nada para fazer, deixe seu lixo com você e não deboche do infortúnio alheio.

E têm aqueles que, feito um animal de rapina, que esperam a oportunidade para avançar sobre os indefesos e tirar proveito.

Ontem vi uma reportagem onde a dona de um supermercado, que não foi atingido pelas chuvas, teve toda a mercadoria roubada, mais seus computadores, geladeiras, freezers... deixaram somente as prateleiras. Somos humanos? somos racionais? ou apenas aves de rapina, hienas que devoram sorrindo.

O que acontece no Rio Grande do Sul poderia acontecer em qualquer parte do país... acontece em outras partes do mundo porque todos habitamos uma única casa. O planeta é uma casa e tem gente que pensa só no que pode lucrar. A vida é tão curta e um desastre natural pode destruir tudo em pouco tempo.

Será que não deveríamos ser mais racionais? cadê a empatia? onde está o amor ao próximo? Tudo se perde neste momento onde o caos impera. Temos a impressão do final dos tempos. Quem se salvará? É a pergunta que fica. Estamos construindo o quê para este espírito que nos habita?

Primeiro convivemos com uma pandemia, onde ninguém aprendeu. Agora é isto no sul do Brasil, tido como um paraíso, um lugar prodigioso. E amanhã onde será? Será que vamos aprender alguma coisa com mais este caos, diante de tanta tristeza?

O pior ainda está por vir... são as pessoas tentando reconstruir tudo diante de tantas incertezas, porque agora qualquer chuva gerará apreensão e desespero.

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14.05.24

MÁRIO FEIJÓ
Enviado por MÁRIO FEIJÓ em 14/05/2024
Código do texto: T8063147
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