José Carlos, dos Anjos

            A quem perguntasse sobre ele, para tomar conta das notícias da Cultura, diziam-me, por unanimidade, ser ele competente, culto e trabalhador, o que nos foi confirmado por Naná Garcez, dirigente líder da comunicação no Estado. O lugar tinha sido deixado por outro de semelhante valor, o amigo Gil Sabino, que se afastou da Secult, por motivos de saúde. Foi quando  José Carlos aceitou nosso convite com brilhantismo e feliz desempenho. Logo, reconheci nele tais qualidades, incorporando-se à equipe no sentido da união e da harmonia; indiferente às fake news reinantes da época, determinado e criterioso à verdade dos fatos, como a adequação da notícia à realidade da verdade, até o dia em que se interrompeu esse desempenho. Era um homem da estirpe dos Wallach, como o pai Fernando, da linotipo à redação, promovendo échange com a imprensa , demonstrando-se  protótipo do curso de Comunicação da UFPB e profissional edificante do jornalismo. Como disseram a nota da API e Sergio Botelho, em sua coluna, José Carlos deixa, com sua morte, uma imensa lacuna, como, por diferentes razões, cada jornal escrito em papel falece.  
            Aos históricos jornais da Paraíba, O Norte, O Momento, Correio da Paraíba e A União,  contribuiu, com o mesmo espírito de eficiência e seriedade, a que se dedicou na Secult, até o seu último dia de trabalho. Difícil substituí-lo. Que o diga o mestre  e maduro copy desk Frutuoso Chaves, que o iniciou ao cheiro da tinta nessa arte, no jornal A União, como ele confidencia, em relato biográfico: “Está bom, Zeca. Mas, para seu bem, refaça esse texto para ser ótimo”. E ao longo desse exercício, dos Anjos só escrevia ótimos. Por tal costume ou bom hábito, nunca deixou, na Secult, de me fazer ler seus escritos, com que eu aprendia e nos quais nada alterava. Com muito zelo, nutria uma santa vaidade naquilo que fazia; crítico, mas de acurada exatidão da verdade à notícia. Muitas vezes intransigente por preservar a linguagem, que revelava a magia de sua força criadora. Com efeito, tinha  pavor da mentira, a que enfrentava com coragem, arrojo ou destemor.
         No ponto mais alto do seu profissionalismo, estava seu amor ao jornalismo, em cuja praxis, Zeca, assim chamado pelos companheiros de jornal, realizava a unidade profunda da equipe, fundamentada na substância daquilo que se ama... Meu hábito de refletir ainda se inspira nas conversas que mantínhamos eu e José Carlos, nas viagens culturais ao interior do Estado.  A genuína política pública dos, nacionalmente famosos, Festivais de Cultura Quilombola, Indígena e Cigana iam aos jornais e à mídia, com a grandeza da sua alma; aos nossos olhos, quando ele se vestia como os do quilombo; dançava e  pintava-se como os indígenas, e lia cartas e cantava como os ciganos, para bem inteirar-se  dessas culturas.    
          José Carlos escrevia o texto seguinte com a experiência obtida nas suas diversas fases da vida, fossem como acontecessem os interesses culturais. Harmonizava as boas perspectivas em síntese  jornalística. E assim, conseguiu desenvolver ideias e reflexões numa linguagem simples e acessível a todos os níveis. Alegra-me ter conhecido, convivido e trabalhado com José Carlos. Após sua morte, suas letras não constituirão silêncio dos seus exemplo e profícuo idealismo. Que mesmo longe da nossa convivência, José Carlos, dos anjos, não deixe de nos dar notícias do Céu.