Sobre o conceito mais universal de inteligência...

... compartilhado por todas as formas de vida*

Capacidade de adaptação e que, em termos mais objetivos, significa capacidade de sobrevivência, em especial pela busca por fontes de energia/alimento e pela detecção de riscos e perigos, sendo que, a segunda capacidade seria ainda mais universal, por se manifestar de maneira mais conceitualmente homogênea (meios e objetivo) entre as espécies, porque a primeira capacidade, ainda que igualmente fundamental, pode se manifestar de maneira diversa, inclusive com o mínimo de esforço cognitivo ou perceptivo, tal como no caso das espécies autotróficas, que não encontram sua fonte de energia pela predação (estratégica) de outras formas de vida.

* E que eu já comentei nesse outro texto: "Evolução, inteligência e justiça social"

Então, e sobre QI??

São as pessoas que pontuam mais alto nos testes cognitivos, em média, mais inteligentes para encontrar fontes de energia/alimento e na detecção de riscos, perigos...??

Em relação à primeira capacidade, sim, por haver uma correlação positiva entre alto QI e maior renda, mas, com um grande porém, se as sociedades modernas têm sido, em partes, desenhadas para acomodar essa parcela da população, facilitando sua adaptação, aliás, uma invenção justamente dos mais inteligentes... Já em relação à segunda capacidade, de detecção de riscos, essa relação se torna mais complexa e até surpreendentemente destoante da dedução mais lógica, pois se usarmos pontuações em testes cognitivos como parâmetro comparativo e as confrontarmos com comportamentos e crenças de pessoas de diferentes faixas de inteligência, ainda mais nessa primeira metade da terceira década de século XXI, chegaremos ao resultado de que, pontuar alto se correlaciona positivamente com ideias e pensamentos que refletem mais sobre ingenuidade e fidelidade ideológica do que sobre uma real compreensão específica aos tópicos relacionados, que pode contribuir para uma tomada de julgamento mais adequado, no sentido de mais racional ou alinhado aos fatos. Por exemplo, se pegarmos discussões sobre políticas de imigração e multiculturalismo, particularmente indivíduos de raça branca e ideologia à esquerda, abundantes entre aqueles que pontuam alto em testes de QI, estarão mais propensos a ter opiniões excessivamente positivas sobre os mesmos, de que, portanto, os países onde vivem, mas também outros países, especialmente se forem similares, devem ser mais receptivos a imigrantes e refugiados do que cautelosos ou céticos, enquanto que, é justamente uma opinião contrária a essa maior receptividade (discursiva) que é a mais ponderada, se se baseia nos prós e contra que têm acumulado sobre tais políticas e desequilibrando para os contra, como o aumento da criminalidade e de conflitos culturais, além do predomínio de argumentos fracos usados para apoiá-las, tal como de que os imigrantes são importantes para combater o envelhecimento demográfico e seus efeitos na economia ou que países com histórico de colonialismo devem ser generosos na recepção de imigrantes como maneira de compensar suas atitudes do passado, como se fossem medidas plenamente sensatas e certas que resolverão seus respectivos problemas, se quanto à primeira, o mais adequado seria de, primeiro, incentivar a natalidade da população nativa, com políticas social e economicamente pró-natalistas (mas também preferencialmente pró- ambientalistas, que busquem por um equilíbrio e não uma nova explosão demográfica) e, quanto à segunda, a melhor maneira de compensar seria ajudando os países outrora colônias a se desenvolverem, se não adianta receber os seus efetivos em grande número, já que isso não irá acabar com as mazelas dos seus países, além do potencial (que tem sido comprovado) de causar mais problemas nos países que os recebem. Um outro exemplo em que o básico bom senso traduzido a um contexto de segurança pública e pessoal e que uma parte nada modesta da população de maior QI, guiada por doutrinação e conformidade ideológica, tem se posicionado contrariamente é sobre a lógica da aplicação de políticas mais severas no combate à criminalidade, preferindo por políticas mais brandas que são comprovadamente menos efetivas, até por contribuírem para aumentar a insegurança e o crime ao invés de combatê-los. Pois pode até ser o caso de que muitas dessas pessoas, por não conviverem diariamente com o grosso da "bandidagem", confortáveis em seus bairros de classe média e alta, tenham opiniões, diga-se, ignorantes sobre isso, porém adaptativo aos seus ciclos sociais, tal como nos da educação superior, saturados de conformismo ao politicamente correto vigente, dito "de esquerda"; o que não as redime totalmente, se continua a se tratar de uma grande falha na detecção de perigos, riscos, problemas, de curto, médio a longo prazo... mesmo se não as atingem diretamente, ainda que praticamente todo aquele que vive em uma cidade de porte médio ou grande em boa parte do mundo ocidental, pelo menos, se sente inseguro em alguns ou muitos contextos em seu cotidiano, demonstrando que, mesmo vivendo em bairros distantes dos periféricos ou mais pobres não os torna completamente imunes à insegurança pública.

Seria esse o maior teste dos testes de QI??